“Nas Terras do Coronel Foguete”, lançado através da Lei Municipal de Incentivo à Cultura, Lei de Cultura. O álbum faz um importante resgate de canções de compositores da geração dos anos 1970 e que permaneceram inéditas até então.
Os arranjos mantiveram o espírito da época, com forte ênfase em referências do rock progressivo, psicodelismo, entre outras linguagens que fizeram a cabeça dos jovens num momento marcado pela repressão oficial da ditadura militar e a busca por alternativas comportamentais e existenciais, para as quais o rock foi um canal preferencial de expressão.
Com total conhecimento de causa para encampar tal projeto, o Vitrô Blues é integrado por três músicos que participaram de várias das bandas pioneiras do período e conviveram com tantas outras e com compositores que fizeram a festa da geração setenta em JF em teatros, anfiteatros de colégios e da UFJF e onde mais houvesse uma tomada (ou mesmo onde não tivesse, como nas bucólicas “Terras do Coronel Foguete”, que dão título ao álbum).
TEXTO DO ENCARTE DO CD DO VITRÔ BLUES:
Final dos anos 60, início dos 70: Beatles, guerra do Vietnam, Woodstock, cabelos compridos, calça jeans, protestos, amor livre, ditadura militar, taça Jules Rimet, festivais de música, Mutantes... e o mundo das artes entrou em ebulição numa verdadeira revolução cultural.
Acompanhando esse movimento, uma parcela considerável da juventude de Juiz de Fora se espremia em seus quartos, garagens ou porões fantasiados de estúdios ou ateliês improvisados, para suas criações. Daí saíram artistas de alto nível, especialmente nas áreas das artes plásticas, fotografia e música.
Facilitada pelo violão como principal recurso, a música ganhou uma grande quantidade de praticantes, que fizeram centenas de composições. Diversos grupos se formaram como o AT5, TNT, Boca da Zona, Guela Seca, entre outros. As poucas oportunidades de apresentação eram shows que eles próprios produziam e festivais de música, dos quais também participavam grupos especialmente constituídos.
A falta de espaços era marcante. Não havia bares onde se pudesse tocar e, na rua, mais de três cabeludos juntos virava uma ameaça ao regime, passível de um arrocho indigno. A solução foi buscar lugares ermos, onde, toda semana, alguém pudesse apresentar a sua nova música. A beira do açude da Fazenda da Floresta, a torre de microondas na Grama, um canto do morro do Cristo, da mina de caulim ou um sítio de um conhecido do conhecido passaram a ser freqüentados. Ainda assim, eram lugares muito distantes ou de difícil acesso.
Até que, numa bela noite, Fred Foguete (que só andava a 120 no seu VW TL), filho de um coronel da reserva, convidou a turma para fazer um som nas terras de seu pai, um local tranqüilo entre os bairros Alto dos Passos e Santa Luzia. Pela proximidade e facilidade de chegar, o lugar se transformou rapidamente no palco principal onde, duas a três noites por semana, os poucos carros lotados desembarcavam para uma sessão musical.
O Vitrô Blues, recordando mais de uma centena dessas composições e com muitas saudades dos amigos, resgata uma pequena seleção numa viagem no tempo nas Terras do Coronel Foguete.
Vitrô Blues’s tracks
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